quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O cê tá falando cômo??

A primeira proposta de trabalho da interdisciplina de Linguagem e educação, foi refletir sobre se falamos e escrevemos do mesmo jeito sempre. Bem, acredito que não se fala, nem escreve e nem tampouco se lê sempre do mesmo jeito. No Brasil existem vários dialetos diferentes espalhados. Já temos uma diferenciação. da língua portuguesa que não é falada igual nos países que tem ela como oficial, mas mesmo dentro do nosso país, cada estado tem um dialeto próprio, modos de falar diversos. Com certeza, esses modos diversos de falar, complicam a cabeça dos alunos, que acabam escrevendo do jeito que falam, porém, não escrevem “errado”, mas sim, escrevem como falam. Na minha opinião a escola, deve respeitar isso, pois os modos de falar, faz parte da cultura e da personalidade de um determinado grupo ou povo. Os adolescentes, por exemplo, usam gírias e virtualmente, estão reduzindo as palavras. Nós, professores, devemos trabalhar mostrando o correto da língua, mas não desmerecendo os dialetos e as gírias. Assim com diz, Maria Isabel Dalla Zen e Iole Faviero Trindade, no texto"Leitura, Escrita e Oralidade como artefatos Culturais:

" A partir dessa perspectiva, o trabalho escolar poderia abrir espaço para a multiplicidade de discursos, bem como abordar, relativizando, a ques­tão do "certo" e do "errado" em linguagem, conforme vêm postulando es­tudos linguísticos cujos efeitos de sentido ainda não foram mobilizadores de novas práticas pedagógicas. Pensemos no que se diz, cotidianamente, sobre o que significa falar, ler e escrever bem. A reflexão sobre o conceito de diferença (diferenças linguísticas) ainda precisaria ''amadurecer".” (Dalla Zen e Trindade, 2002)

Planejando....

"Naquela época, incomodava-me a forma como as alunas encaravam as exigências de planejamento. Incomodava-me ficarem os planos no setor pedagógico distantes e esquecidos. Incomodava-me a repetição das unidades nas salas de aulas. Havia uma mecanização instalada e aceita. Planejamento era uma chatice, servindo apenas à burocracia."(Rodrigues, 2001)
Começo minha postagem sobre planejamento com este trecho retirado do texto de Maria Bernadette Castro Rodrigues, "Planejamentos: em busca de caminhos", por que me identifiquei muito com ele. Na minha época de magistério, não muito distante (97, 98, 99 e 2000); o bonito era ter todos as pastinhas de planos de aula que as colegas xerocaram para a gente em ordem, cheias de adesivos, desenhinhos e ursinhos... Ahrg, eu detestava aquilo. Sério, sempre amei estudar me informar, mas meu magistério foi muito ruim. Apesar de muito pouco saber sobre a educação, eu já acreditava que precisaria conhecer minha turma, para então planejar para ela.
Do que me adiantariam lindas pastas organizadas, decoradas, se os planos lá existentes não fossem interessantes para os meus alunos? As professoras achavam que eu era meio desligada, somente as de didáticas, pois as outras (matemática, biologia, português), sabiam que eu era uma boa aluna; falavam que eu era interessada, boa capacidade de compreensão, textos críticos e claros, etc. O que me fez acreditar que estava certa, foi na época do estágio. As alunas, aplicadérrimas (tudo em ordem, planinhos como mandava o figurino, cartazes mega-elaborados,) choravam em sala de aula, pois faltava domínio de turma e seus planos de aula iam por "água a baixo".
Porém eu, apesar de começar a planejar, depois de conhecer minha turma, fazer cartazes de decoração com eles; me dei muito bem, pois tinha um bom domínio de turma e descobri que era ali que eu queria estar, frente a uma classe.
Se fosse outra pessoa, acharia que o que exigiam essas professores é o que era ensinar. E não era, ensinar é algo muito mais além e planejar é preciso ser feito com conhecimento da turma que se vai receber. Não é algo para estar bonito no caderno, é algo dinâmico e que faça diferença para nossos alunos.

O menininho



A professora de Didática, Planejamento e Avaliação, trouxe um texto que eu já conhecia, falando de um menininho que tinha muitas ideias, porém teve um professora que só o fez reproduzir, "matando" assim a criatividade do tal menino. Ela nos questionou então, quais seriam os desafios frente uma criança assim. Com certeza, os desafios frente a esta criança são muitos. Primeiro precisaria fazê-lo acreditar novamente em si. Mostrar que ele é realmente capaz e que eu enquanto professora, não quero que me copie e sim que me mostre o que ele pode fazer.
Ela trouxe mais duas questões, "Como eu trabalho para estimular a criatividade e que marcas quero deixar em meus alunos?", pude refletir então, sobre a minha prática. Como aceito o trabalho dos meus alunos? Quanto eu os estimulo a criar? Foi interessante pensar sobre isso.
Claro que, como qualquer pessoa, gostaria de deixar muitas marcas positivas. Então lembrei-me de um recadinho que recebi pelo orkut, no ano passado, de um aluno do meu estágio, em 2000. Ele era um aluno muito humilde, mas com muito potencial. Todo ano na escola, tinha um festival de talentos, organizei uma apresentação de dança que ganhou primeiro lugar no tal festival e ele foi o dançarino principal.
Acredito que para ele aquilo foi muito especial, foi bom para sua auto-estima. Depois de 9 anos, ele me achou no “orkut”, diz que está bem, continua estudando e deixou um recado maravilhoso, dizendo que eu fui sua melhor professora. Isso não tem preço. E ótimo ver, depois de um certo tempo, que aqueles pequeninos que passaram pela gente, estão bem na vida e que nós temos uma certa parcela de culpa. Pelo contrário é triste de ver, muitos adultos por aí, que não conseguem se encontrar por causa de uma educação deficiente.

"Nós somos o mundo, nós somos as crianças
Nós somos aqueles que fazem um dia iluminado
Então vamos começar a dar
Existe a escolha que estamos fazendo
Que estamos salvando nossas próprias vidas
É verdade que estamos fazendo um dia melhor
Só eu e você"
(We Are The World, Michael Jackson)