terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Conhecendo o aluno da EJA

Na interdisciplina de EJA, lemos o texto da autora Marta Kohl de Oliveira, "Jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e aprendizagem.", onde ela destaca muitos aspectos que clareiam a prática da EJA. Um dos aspectos, que me chamou atenção em especial foi que o professor da EJA, precisa saber muito bem com que tipo de jovem e adulto está lidando. Isto é muito relevante na prática pedagógica do ensino em EJA.

“Com relação a inserção em situações de aprendizagem, essas peculiaridades da etapa de vida em que se encontra o adulto fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) ...”
(Khol de Oliveira,1999)

É preciso saber e conhecer o aluno que se irá ter, mesmo quando trabalhamos com crianças, ainda mais na prática da EJA. Os currículos, técnicas, planejamentos são feitos para o público infantil; por isso estes devem ser específicos para a idade atendida na EJA, pois como coloca Marta Kohl de Oliveira, isso pode causar uma inadequação dos jovens e adultos, causando a evasão escolar. Ela coloca que se não há sintonia, entre educando e escola, isto acaba dificultando o processo de ensino-aprendizagem. Até porque as dificuldades enfrentadas pelos alunos jovens e adultos são muitas, tanto em sala de aula, como fora dela. Concordo com a autora, eles já vivem no mundo letrado, porém, não tem tanta capacidade de crítica e argumentação que os adultos e jovens escolarizados ou graduados possuem. Sua linguagem e pensamento, muitas vezes, são de origem humilde, não da língua culta, o que também pode gerar uma certa confusão, na hora de aprender. São pessoas que encontram mais dificuldades nos supermercados, para pegar ônibus, para ajudar, muitas vezes, os filhos nos deveres de casa. Já dentro da sala de aula, o cansaço do trabalho do dia inteiro, a falta de concentração e entendimento, e atividades didáticas não compatíveis com sua faixa etária, tornam-se obstáculos constantes dos alunos jovens e adultos. Por isso, como a turma pode concluir na apresentação das pesquisas sobre EJA, a formação dos profissionais é de extrema importância, para a qualidade do trabalho oferecido para os jovens e adultos, que tem suas particularidades e isto exige empenho e competência.

Métodos de alfabetização

Lemos o texto, "Não há como Alfabetizar sem Método?" De Iole Maria Faviero Trindade, para a interdisciplina de Linguagem e Educação, a autora coloca a certa altura que,
" Assumindo também, como professora de prática de ensino, que precisamos ter uma didática que acolha essa pluralidade de discursos, fazendo uso deles conforme necessidades de uma formação, reafirmo que não há como alfabetizar e letrar (não importa a ordem!), na escola, sem o uso de múltiplos métodos que contemplem os processos de ensino e de aprendizagem, isto é, de aquisição (codificação e decodificação) e usos da língua escrita."(Trindade, 2005)
Realmente, acredito que precisamos de diversas formas para ensinar a lingua escrita. Na aula presencial podemos ver através dos nossos planos de aula, que muitos são os jeitos que usamos para ensinar os nossos alunos e esta troca, valeu para aprendermos as formas que dão certo e que podemos também incorporar ao nosso fazer. Outra questão que achei extramente interessante foi que Iole Trindade fez perguntas sobre como iniciar o planejamento de linguagem:
"...como o modo de vida dos/das alunos/as e suas experiências cotidianas de escrita na família e em esferas, Como vivem? Onde? Com quem? Qual/is será/ão, então, a/s temática/s priorizada/s? Como deve ser tal planejamento, se eu quiser que privilegie uma trajetória dos estudos na área da alfabetização e da língua materna? Haverá algum tipo de produção escrita dos alunos? De que forma? Quais e quantas vezes por semana? Haverá espaço para a leitura em sala de aula? De que forma? Quais e quantas vezes por semana?"
Achei isto essencial, pois desta forma visualizo o que meus alunos sabem, o que é importante saberem e o que querem saber, a partir daí poderei construir uma alfabetização com sentido para eles. Precisamos ter momentos de qualidade para ensinar a lingua escrita para nossa turma. Os planos de aula de minhas colegas, mostravam a realidade de cada grupo. Como trabalhamos com os pequenos, pude ver aspectos diferentes do meu jeito de trabalhar, mais também aspectos parecidos. Como foi o caso de que a maioria das colegas iniciou sua aula com uma história. O que é um excelente recurso para as crianças da educação infantil.

Temas geradores

Em uma das aulas presenciais que tivemos em EJA e Didática, Planejamento e Avaliação, vimos um filme sobre como os temas geradores, idéia de Paulo Freire, eram trabalhados na alfabetização de jovens e adultos. Pude perceber no filme que a nossa educação, sem dúvida, caminhou muito com a ajuda de Paulo Freire.
O ensino de jovens e adultos, antes centrado no tradicionalismo; como "Eva viu a uva", transforma-se a partir dos temas geradores propostos pelo educador. Paulo Freire mesmo colocou, como pode interessar-se depois de um dia de trabalho ou até mesmo sem emprego, um senhor ou senhora pelas cartilhas enfadonhas e sem sentido?
Os temas geradores vieram para instigar os alunos a querer saber, e assim então aprender. Eles, trabalham com questões do cotidiano dos alunos e a partir deles os alunos podem construir seus conhecimentos a cerca das palavras, percebendo também a função social delas. Como por exemplo, vimos(no filme) o trabalho com a palavra "fábrica", é uma palavra conhecida, o local de trabalho de muitos e que trás, também, muitas discussões, o que ajuda no diálogo e na criticidade dos educandos, algo que também Paulo Freire se preocupava.
"Por isto, o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. Não é também discussão guerreira, polêmica, entre sujeitos que não aspiram a comprometer-se com a pronúncia do mundo, nem a buscar a verdade, mas a impor a sua."
(Freire, 2005)

Paulo Freire propôs a educação problematizadora, os temas geradores e o diálogo em sala de aula. Nesta educação o diálogo e a troca entre o educador e o educando é priorizado, o que torna a aprendizagem muito mais significativa e transformadora. O trabalho, ao meu ver, através destes temas torna-se rico e cheio de possibilidades. Os alunos envolvem-se, tornando-se agentes do próprio saber. Ainda no filme, percebi que os alunos queriam aprender e apesar de toda a dificuldade, eles aprendiam. Mas uma vez, vemos que se demos atenção e crétido a realidade dos nossos educandos, conseguimos resultados muito bons.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Como avaliar?!

Para interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação, tivemos que refletir sobre como estamos avaliando nossos alunos. Este assunto me interessa muito, pois após ler o texto "Rumo a uma avaliação inclusiva"de Javier Onrubia Goñi; percebi que não estou tão longe, das reflexões do autor em minha prática. Trabalho com alunos entre dois e três anos, não teria como trabalhar com eles uma avaliação "classificatória", pois nem trabalhos conteúdos específicos. Gosto muito de trabalhar com os pequenos, justamente porque gosto de me sentar no chão, conversar sobre coisas que os eles tem curiosidade, ler lindas histórias, etc... mas também, porque adoro avaliá-los. A avaliação que faço é contínua e descritiva, pois todo dia observo um pouquinho o que eles vem desenvolvendo. Tenho um caderno de registros, onde coloco seus progressos, seus problemas, suas falas e dúvidas mais engraçadas ou inteligentes. Ou seja, a todo momento estou avaliando o raciocínio, o desenvolvimento da fala, a motricidade, propondo assim, atividades que vão estimular ainda mais o que eles tem aprendido.
Logo, no término do primeiro ou do segundo semestre, pego meus registros e faço um texto sobre todos os aspectos observados: como o aluno é na chegada, como se comporta ao ouvir histórias, sobre o que tem mais curiosidade, como é seu relacionamento com os colegas, como cumpre regras, o que aprendeu nos projetos trabalhados, enfim, falo sobre quase tudo o que acontece no decorrer dos dias. Digo "quase tudo", pois é impossível, colocar em um só texto tudo o que eles desenvolvem em um só semestre. A dificuldade maior que encontro neste tipo de avaliação é o tempo que se gasta em cada uma, tendo às vezes, quase trinta alunos. Porém, depois de pronta, compensa todo o cansaço, pois é um bonito trabalho e todos que leem dizem estar vendo o aluno como ele realmente é, ou seja, não é uma avaliação impessoal, e sim os pais percebem, que o aluno faz muito na escola e que as pessoas responsáveis por ele, tem a visão de seu aprendizado. Mas, apesar de pequenos, não é somente eles que são avaliados, sempre faço perguntas do tipo "o que mas gostaram no projeto?", "o que não foi legal?", entre outras, (algumas vezes peço que façam desenhos) pois busco trabalhar com meus alunos a criticidade e a melhora do meu trabalho. Através das avaliações, vejo o que posso trabalhar mais no próximo semestre, como por exemplo, se percebo que tem muitos alunos que tem dificuldade na fala, posso propor atividades que estimulem mais a oralidade e assim por diante. Foi interessante refletir sobre isso, que é um trabalho desgastante, porém recompensador.

Arquiteturas pedagógicas

Estamos na reta final do nosso curso! Enfim, vencemos muitos obstáculos e estamos agora pensando na prática do estágio. Meu estágio farei com uma turma de jardim B, creio eu. A atividade das arquiteturas pedagógicas, de elaborar os passos de um PA está sendo um pouco complicado ao meu ver. Eu e minha colega, estamos tentando partir dos passos que nós mesmas já fizemos na aula de seminário, só que adaptado aos menores. Tenho muitas dúvidas ainda. Trabalho com projetos de aprendizagem, com meus alunos, porém não sou eu quem escolhe os temas e sim eles. Porém, o projeto é de toda turma, ou seja, não chega a contemplar a curiosidade de todos e sim da maioria. Ainda não consigo visualizar um PA dividido por grupos em jardim B, pois acredito que muita coisa, pesquisa, atividades, nesta faixa etária vem da professora. Como então, dividí-los por grupos? Como deixá-los que pesquisem e coletem material? Ainda não sei.... Mas estou pensando e refletindo....

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Poster e pesquisas...

Bem, a atividade de confeccionar um poster foi meio complicada. Foi a primeira vez que fizemos um, porém a pesquisa foi bastante interessante. A interdisciplina de EJA, vemos um filme do método de Paulo Freire para a alfabetização de adultos. O filme nos encheu os olhos, pela fala das educadoras e dos alunos. eram alunos satisfeitos, cheio de vontade de aprender e professores muito satisfeitos com os resultados. Porém, na nossa saída de campo (que era entrevistar no mínino cinco professores), vimos que a nossa realidade é um pouco diferente. Muitos professores cansados, sem esperança de ajuda por parte do poder público, dizendo que seus alunos deveriam ter mais vontade de aprender para que assim o trabalho rendesse. Ficamos um pouco desolados com os resultados, porém na aula de exposição dos posteres, vimos que tem realidades que os educadores e educandos da EJA, são bem motivados e nestes casos os professores tem um certo preparo para trabalhar nesta área. Então, podemos concluir que se existe preparo e determinação todo mundo ganha, principalmente nesta modalidade de ensino, que lida com jovens e adultos ainda analfabetos.